
APRESENTAÇÃO
Esse ensaio visa debater,
criticamente, o livro “O Senhor das Moscas” (Lord of the Flies), de William
Golding, escrito em 1954.
O objetivo central do referido
trabalho é retirar trechos na obra em foco e analisar as metáforas presente nos
excertos. As metáforas, como se sabe, são recursos linguísticos advindos da
Linguística Textual.
A definição de metáfora, segundo
o dicionário Online Priberam[1] é:
“Figura de retórica em que a significação
habitual de uma palavra é substituída por outra, só aplicável por comparação
subentendida (ex.: há uma metáfora no verso de Camões "amor é fogo que
arde sem se ver")”.
Além disso, é importante conceituar
metáfora à luz do dicionário de significado (também Online):
“Metáfora é um termo que no latim, "meta"
significa “algo” e “phora” significa "sem sentido". Esta palavra foi
trazida do grego onde metaphorá significa "mudança" e
"transposição".
As metáforas estão presentes, sobretudo, nos estudos
semânticos. A Semântica, conforme atesta Maria Lucia Mexias Simon, é:
“[...] o estudo do significado,
isto é a ciência das significações, com os problemas suscitados sobre o
significado: Tudo tem significado? Significado é imagem acústica, ou imagem
visual? O homem sempre se preocupou com a origem das línguas e com a relação
entre as palavras e as coisas que elas significam, se há uma ligação natural
entre os nomes e as coisas nomeadas ou se essa associação é mero resultado de
convenção. Nesse estudo consideram-se também as mudanças de sentido, a escolha
de novas expressões, o nascimento e morte das locuções. A semântica como estudo
das alterações de significado prende-se a Michel Bréal e a Gaston Paris. Um
tratamento sincrônico descritivo dos fatos da linguagem e da visão da língua
como estrutura e as novas teorias do símbolo datam do século. XX”[1].
Esse trabalho, intitulado “O
Senhor das Moscas e suas Metáforas”, justifica-se pela possibilidade de unir
Literatura e Linguística, uma vez que é uma tendência educacional da
contemporaneidade ser interdisciplinar/transdisciplinar, pois a educação exige
do educador e do educando esse comprometimento.
Como o curso de Letras, da UEFS,
trata-se de uma licenciatura, é importante, portanto, tocar na questão
educacional. Isso é deveras necessário, pois os profissionais que estão sendo
formados atuam, majoritariamente, na sala de aula.
INTRODUÇÃO
O livro “O Senhor das Moscas”
trata-se de uma distopia. Sabe-se que a distopia é uma utopia negativa. Desse modo, em uma utopia, as pessoas viveriam numa civilização
ideal. Isto é, em uma realidade irrealizável, fantástica, inacessível.
Nas ficções distópicas o que se
destaca são os sistemas totalitários e opressores. Portanto, as pessoas são
totalmente corruptas e fazem somente aquilo que lhe competem, não considerando
o outro. Logo, pode-se perceber que não há democracia no sistema supracitado.
Ademais, é possível citar algumas
outras características da literatura distópica: Estupidez coletiva, discurso
pessimista e crítica social. Então, a obra em foco discorre sobre questões
totalmente contemporâneas. Não se vive, na atualidade, em sociedades
capitalistas, famigeradas, extremamente competitivas e corruptíveis? Vive-se à
beira de guerras civis em quase todo o mundo por conta de intolerâncias,
disputas e divergências ideológicas.
A obra em análise tem doze
capítulos, a saber: 1 – A voz da concha; 2 – Fogo na montanha; 3 – Cabanas na
praia; 4 – Caras pintadas e cabelos compridos; 5 – Bicho da água; 6 – Bichos do
ar; 7 – Sombras e árvores altas; 8 – Sacrifícios para as trevas; 9 Visão de uma
morte; 10 – A concha e os óculos; 11 – Castelo de pedra; 12 – Gritos de
caçadores.
O autor do livro é William
Gouding. Ele nasceu em Newquay em 1911 e faleceu em 1993. Sua obra, portanto, é
contemporânea. Gouding foi novelista, escritor, dramaturgo e poeta inglês. Além
disso, é importante ressaltar sua formação: Ele, por ter uma pai professor, foi
incentivado a estudar Ciências Naturais em Oxford. Ele se graduou também em
Literatura Inglesa. Sua versatilidade o fez ator.
Em 1983, Gouding ganha o Nobel de
Literatura. Esse reconhecimento foi importante, pois “O Senhor das Moscas” traz
um debate extremante forte e controverso. Debates fortes e controversos são
perigosos em uma sociedade que ainda defende valores tacanhos e
preconceituosos.
Esse ensaio se constitui em 3
capítulos. O primeiro capítulo traz um rápido resumo da obra. No segundo serão
feitas análises de fragmentos da obra (O Senhor das Moscas), observando as
conotações. O terceiro trará um parecer (texto de opinião), discorrendo, em
primeira pessoa, as impressões pessoais sobre a obra.
O Livro “O Senhor das
Moscas” conta a história de um grupo de meninos, que, após um acidente
aéreo, precisa sobreviver em uma ilha deserta sem a presença de nenhum adulto. No
início, as coisas correm bem e naturalmente. Um líder, entre eles, é eleito e
regras de convivência são estabelecidas.
Porém, apesar de toda a paz
estabelecida, não demora muito para as crianças abandonarem suas convicções e
se tornarem verdadeiras selvagens. Nesse romance, Gouding mostra o que acontece
com o homem na ausência de limites e todo o mal que é intrínseco à natureza
humana. É importante frizar que a primeira metáfora presente se encontra no
título do livro, uma vez que “O Senhor das Moscas” faz referência a Belzebu, o
nome de próprio diabo, o senhor das trevas, o anjo caído da Bíblia cristã.
Há muitos personagens no livro.
No entanto, dois terão ênfase nessa parte do ensaio: Rauph e Jack.
Rauph é o líder eleito através de
votação. Ele é muito ponderado e sempre tenta pensar no bem comum do grupo. Uma
das suas primeiras providências na ilha foi coordenar a construção de uma
grande fogueira para atrair a atenção de navios e possibilitar o resgate. O
Rauph se esforça em permanecer conectado aos hábitos e valores da civilização. Ralph,
de todo o modo, representa o governo, a ordem e a responsabilidade. É o lado
positivo da trama.
O segundo personagem a ser discutido é Jack. Ele era o outro
candidato a ser líder do grupo. Jack
representa a barbárie, o lado negro da humanidade. Após a derrota do Ralph, ele
se torna líder de um sub-grupo, a dos caçadores. Apesar do Jack também
pertencer à aristocracia e de ter tido uma boa educação, ele se encanta
totalmente pela vida primitiva, sem regras, sem amarras. A sua única satisfação
passa a ser a satisfação pessoal. O Jack personifica um estado à regressão à
natureza. É em torno do Rauph e do Jack, desses dois polos, que vai se
estruturar toda a vida na ilha.
É interessante se pensar como a
sociedade de “O Senhor das Moscas” se transforma ao longo da história.
Inicialmente, sem a presença de qualquer adulto, não existe nenhuma autoridade
ou lei que digam às crianças como elas devem se portar e é, por isso, que a
figura do Rauph, um menino mais velho, parece tão atrativa. Eles lideram os
meninos de maneira democrática, convocando reuniões de discutindo ideias.
Porém, tantos capítulos depois,
tantos capítulos depois, surge a ameaça de um mostro na ilha. Uma criatura
formada a partir dos pesadelos das crianças. O Rauph não parece mais capaz de
proteger o grupo e o Jack, que se mostrou um excelente caçador, torna-se uma
alternativa. O Jack é tirânico, bruto e se entrega facilmente à violência, mas,
mesmo assim, consegue atrair boa parte dos meninos para junto de si. Tanto na
democracia do Rauph, quanto na tirania do Jack, existe um preço a ser pago pela
vida em sociedade.
Os meninos abdicam de parte de
sua liberdade natural. O preço é muito maior na tirania. O destaque é que, em
ambos os casos, é o medo que faz as crianças a aceitar a autoridade do outro. O
Homem (leia-se homens e mulheres) não se uni em sociedade porque é bom ou, naturalmente,
colaborativo. Ele, o homem (homem e mulher) vive em grupo, pois se sente,
constantemente, ameaçado. Estamos sempre dispostos a trocar nossa liberdade,
individualidade, por um sentimento de proteção. Isso explica, por exemplo, a
facilidade com a qual as
crianças aceitam a brutalidade do Jack. Explica, também, em última análise, o
nosso sempre presente fascínio pelo totalitarismo. Toda essa alegoria política presente
no Senhor das Moscas faz referência a um outro livro, escrito por um filósofo
inglês Thomas Hobbes, e publicado em 1651. No Leviatã, o Hobbes diz que a
guerra faz parte da natureza do homem. Se não existir um governo centralizador,
nem absoluto, todos ficam à mercê de todos, sobretudo o mais fracos. A
convivência se torna impossível. “O homem é o lobo do homem”, em uma citação
famosa da obra. Nós somos sempre a nossa maior ameaça.
CAPÍTULO 2: ANÁLISES CONOTATIVAS
A primeira metáfora observada está contida no
título em análise. Como se sabe, a personificação/prosopopeia consiste
em atribuir ações ou qualidades de seres animados a seres inanimados, ou
características humanas a seres não humanos. Desse modo, como é possível uma
concha ter voz? Trata-se, então, de uma PROSOPOPEIA.
Em outro momento, na página 9, há o seguinte
trecho: “A voz falou de novo”. Uma voz falar? Vemos, por conseguinte, um caso
de PLEONASMO. Entende-se que pleonasmo é uma figura de linguagem usada para
intensificar o significado de um termo através da repetição da própria palavra
ou da ideia contida nela. A palavra pleonasmo tem origem no latim "pleonasmu"
e significa redundância.
Na página 15, pode-se ler: Uizzô. É sabido que
onomatopeia é uma figura de linguagem da língua portuguesa, pertencente do
grupo das "figuras de palavras" e que indica a reprodução de sons ou
ruídos naturais. Destarte, observamos uma onomatopeia em “uizzô”.
Expõe-se, na página 14, o seguinte excerto: “Ali,
a praia era interrompida abruptamente pelo elemento principal da paisagem: uma
grande plataforma de granito rosado metia-se firmemente pela floresta, pelas
palmeiras, pela areia e pela lagoa, até formar uma elevação pedregosa de mais um
metro de altura. Coberta por uma fina camada de terra e mato, era sombreada por
pequenas palmeiras. Não havia terra suficiente para que as palmeiras crescessem
muito e, quando atingiam no máximo uns seis metros, caíam e secavam, formando
um emaranhado compacto de troncos, excelente para secar [...]”. Nesse trecho,
observa-se um claro exemplo de HIPÉRBOLE. A Hipérbole é uma figura de linguagem,
classificada como figura de pensamento, que consiste em exagerar uma ideia com
finalidade expressiva. É um exagero intencional na expressão.
Na página vinte, nota-se um modelo de SINESTIA. Leia-se: “Sua voz normal soou
como um sussurro após a nota grave da concha”. Sinestesia é um fenômeno
neurológico que consiste na produção de duas sensações de natureza diferente
por um único estímulo. Portanto, no fragmento em foco, percebe-se uma mistura
de sensações: som e percepção.
Na página 25, lemos: “Irrompeu-se uma
tempestade de risos e até os menores se juntaram a ela. Por um instante, os
meninos formaram um círculo fechado de simpatia [...]”. Observa-se um caso de PLEONASMO em “tempestade de risos”.
Ademais, há uma ocorrência metonímia em “os menores”. Sabe-se que metonímia A
metonímia consiste em empregar um termo no lugar de outro, havendo entre ambos
estreita afinidade ou relação de sentido.
Na página 31, podemos analisar o fragmento: “Neste
cimo da ilha, as rochas espalhadas erguiam-se em espigões e chaminés”. Desse
modo, é possível ler em “as rochas espalhadas erguiam-se [...]” um definido protótipo
de PERSONIFICAÇÂO (prosopopeia), uma vez que as rochas
não podem se erguer, pois se erguer é uma característica humana.
Ainda na página 31, encontramos: “Retornava a
solene comunhão de olhos brilhantes na sombra.
- Bárbaro
- Magnífico!”.
Em “Bárbaro! Magnífico!”, é encontrado um caso
de HIPÉRBOLE!
O capítulo dois, intitulado “Fogo na montanha”
é notável a presença de conotações.
Entende-se que conotação é o sentido que se dá
a uma palavra ou expressão a partir de seu contexto. É a linguagem figurada, um
estilo de falar ou escrever muito explorado poeticamente e também
informalmente.
Na página 46, podemos ler “uma débil fumacinha
subiu [...]”. Novamente, pode-se encontrar um caso de PLEONASMO, pois o verbo “subir” só pode acontecer para humanos. Outro
exemplo de PLEONASMO encontra-se na
página 47 no seguinte fragmento: “O ar movia mais depressa [...]”.
Ainda na página 47, podemos encontrar um
exemplo de SINESTESIA em “o ar era
frio”. Relembramos que sinestesia é um vocábulo de origem grega. Consiste na
junção dos termos: syn que em grego quer dizer união + esthesia – que significa
sensação. Ela vem da palavra grega synaísthesis, cujo significado é “sentir
junto” ou “sentir ao mesmo tempo”.
Para finalizar o capítulo, na página 52 há uma
declinação de comparação em: “O grupo ficou silencioso como a morte”. Foi feita
uma comparação entre o grupo e a morte.
Na página 54, inicia-se o capítulo três
batizado de “Cabanas na Praia”.
Logo na página seguinte, 55, há um prospecto de ZEUGMA. Como se sabe, a zeugma é um tipo de elipse, uma vez que há
omissão de um ou mais termos na oração, sendo um recurso utilizado para evitar
a repetição de verbo ou substantivo. Pode-se ler a zeugma na página 59:
“A mesma coisa na floresta. Quero dizer, quando você
está caçando... [presença de zeugma] não quando está colhendo frutos, claro,
mas quando você está em seu...”.
Outro momento no qual observa-se, também na página 59,
zeugma é:
No capítulo 4, cujo título é: “Caras pintadas e
cabelos compridos” há um exemplo de ALITERAÇÃO. Como se sabe, a ALITERAÇÃO consiste na repetição de consoantes como recurso para
intensificação do ritmo ou como efeito sonoro significativo.
Na página 75, pode-se ver um exemplo de PERSONIFICAÇÃO. Onde se lê: “A fogueira
estava morna”. Como se sabe, PERSONIFICAÇÃO
é o ato de conferir características humanas aos objetos inanimados ou ao que é
abstrato, como as emoções e animais.
Na página 81, há um exemplo de ASSÍNDETO. Como se sabe, ASSÍNDETO é caracterizada pela ausência
de conjunções. Pode-se ler:
“Com a perspectiva de uma ação positiva, a
tensão diminuía um pouco. Ralph não falou mais nada, não fez nada, ficou
olhando para baixo, para as cinzas aos seus pés”.
Pôde-se perceber a falta da conjunção “e”.
O capítulo cinco, intitulado “Bicho da água”,
já começa com uma metáfora hermética no próprio título. Ou seja, é algo quase
indecifrável.
Observa-se o seguinte trecho:
“Esse ventinho fazia a camisa cinza colar-se no
peito e ele notou – na sua nova disposição de compreender – que as fraldas estavam
duras COMO PAPELÃO [...]”. Vê-se um exemplo explícito de COMPARAÇÃO. É importante
afirmar que a palavra comparação tem origem no latim comparare, formada por
com, que quer dizer “junto”, e parare, que significa “fazer par, colocar lado a
lado para observar as diferenças”.
Há um exemplo de GRADAÇÃO
em (Página 91):
“Os meninos se aquietaram, lentamente, e acabaram sentando-se de
novo. Ralph desceu do tronco e falou, em tom normal”.
Como se sabe, a gradação consiste na figura que utiliza uma
sequência de palavras de maneira gradativa, dentro de uma mesma ideia. Para
entender o que é gradativo, pense numa escala de vários tons de cinza. Em um
extremo, teremos um tom mais claro de cinza, próximo do branco. No extremo
oposto, encontramos um tom mais escuro de cinza, próximo do preto.
Há um exemplo de PERSONIFICAÇÃO na página 91:
“O
cabelo caiu-lhe nos olhos outra vez”.
Na
página 95, há um claro exemplo de HIPÉRBOLE.
Onde se lê:
“Houve
uma longa pausa, enquanto a assembleia sorria ante o pensamento de alguém poder
sair no escuro. Então, Simon se levantou e Ralph olhou-o espantado”.
A
HIPÉRBOLE está presente em “longa
pausa”.
Na
página 97, encontramos um explícito caso de PERSONIFICAÇÃO. Onde se lê:
“A
última risada morreu”.
Na página 99, há um exemplo de SINESTESIA. Sabe-se que a SINESTESIA
é a relação que se verifica espontaneamente (e que varia de acordo com os
indivíduos) entre sensações de caráter diverso mas intimamente ligadas na
aparência (p.ex., determinado ruído ou som pode evocar uma imagem particular,
um cheiro pode evocar uma certa cor etc.).
A SINESTESIA
encontra-se em:
“A coisa mais clara era a praia pálida”. Percebe-se, então, uma
mistura de sensações.
A IRONIA também é um
recurso linguístico extremamente importante e está presente no livro em foco. A
IRONIA é a figura por meio da qual
se diz o contrário do que se quer dar a entender; uso de palavra ou frase de
sentido diverso ou oposto ao que deveria ser empr., para definir ou denominar
algo. Onde se lê:
“- Eu? Por que eu?
- Não sei. Você gritou com ele por causa da fogueira. E você é
chefe e ele não”.
Para finalizar o capítulo cinco, um claro exemplo de SINESTESIA, presente na página 104:
“Um lamento agudo vindo das trevas gelou-lhes o sangue e fez com
que se encostassem uns nos outros. Então o lamento cresceu, remoto e
sobrenatural, transformando-se num balbuciar desarticulado. Percival Wemys
Madison, do Vicariato, Harcourt St. Anthony, deitado na grama alta, estava
vivendo em circunstâncias tais que não poderia ser ajudado nem mesmo pelo
encantamento de seu endereço”.
A SINESTESIA está
presente no seguinte trecho: “Das trevas gelou-lhes o sangue”.
No capítulo 6, na página 105, há um exemplo, logo no título, uma
MÉTAFORA hermética. O título é
“Bicho do ar”. O que seria um “bicho do ar”? Compreende-se como se fosse uma metáfora
(conotação). Além disso, compreende-se como se fosse uma METONÍMIA. A metonímia é a substituição (troca) de uma palavra por
outra, quando entre ambas existe uma contiguidade (vizinhança) de sentidos.
Sendo assim, “bicho do ar” seria um nome substituto para besouro ou para
pássaro (passarinho).
Logo no segundo parágrafo, da página 105, há um caso de
personificação (prosopopeia). Onde se lê:
“Uma fatia de lua subiu acima do horizonte”.
No capítulo 7, há dois casos de hipérbole. Como se sabe, HIPÉRBOLE é o exagero intencional com a
finalidade de intensificar a expressividade e, assim, impressionar o ouvinte
(ou leitor). O primeiro caso está no título: “Sombras e árvores altas”. O
segundo caso está em: “A trilha de porcos corria perto dos montões de pedra que
ficava do outro lado à beira água e Ralph estava contente por seguir Jack”.
Na página 135, do capítulo 7, há um caso de EUFEMISMO. O eufemismo é a figura por meio da qual se procura
suavizar, tornar menos chocantes palavras ou expressões que são, normalmente,
desagradáveis, dolorosas ou constrangedoras. O caso está a seguir:
“Avançaram rastejando, Roger um pouco atrasado”.
No capítulo 8, intitulado “Sacrifício para as trevas”, tem, na
página 137, um exemplo de personificação (prosopopeia). Onde se lê: “A concha
brilhava entre as árvores. Uma bolha branca contra o lugar de onde o sol
sairia. Jogou o cabelo para trás”.
Na página 151, do capítulo 8, há um caso de SINESTESIA. Onde se lê: “No silêncio de pé sobre o sangue seco,
pareciam subitamente furtivos”.
Na página 153, do capítulo 8, há um caso de ANTÍTESE.
A ANTÍTESE
é o
emprego de palavras (ou expressões) de sentidos opostos. Veja:
“Franziu a testa para a confusão branca e preta que jaziam as
pontas queimadas dos galhos”.
Ainda do capítulo 8, na página 156, há um exemplo de
personificação (prosopopeia):
“Ninguém falou por um momento, depois Porquinho resmungou para a
areia”.
O capítulo 9, intitulado “visão de uma morte”, traz à tona outra
metáfora hermética. “Visão de uma morte”? Como se sabe, o elemento gramatical
“artigo” é a palavra que se coloca antes do substantivo para determiná-lo de
modo particular (definido) ou geral (indefinido). A “visão de uma morte”?
Haveriam duas mortes? Gouding coloca em xeque uma questão metafórica.
Na página 159, do capítulo 9, há um exemplo de comparação. É
necessário afirmar, novamente, que comparação consiste em estabelecer entre
dois seres ou fatos uma relação de semelhança, atribuindo a um deles
características presentes no outro. Onde se lê:
“O Senhor das Moscas estava pendurado na sua vara como uma bola
negra”.
Ainda no capítulo 9 há um exemplo de gradação. Como se sabe, a
gradação (ou clímax) é uma figura de linguagem que está na categoria de figura
de pensamento. Ela ocorre mediante uma hierarquia dos termos que compõem a
frase.
A gradação é empregada por meio da enumeração de elementos
frasais. Tem o intuito de enfatizar as ideias numa sentença de ritmo crescente
até atingir o clímax (grau máximo).
Ou seja, ela oferece maior expressividade ao texto utilizando
uma sequência de palavras que intensificam uma ideia de maneira gradativa e,
por isso, recebe esse nome. O caso de gradação está:
“Porquinho tirou os óculos, após enfiar em pé meticulosamente na
água, depois recolocou-os...”.
Como em quase todos os capítulos, o título “A concha e os
óculos” (capítulo 10), é uma metáfora hermética.
Logo na página 172, há um exemplo de personificação
(prosopopeia). Onde se lê:
“A voz de Porquinho morreu ante a expressão de Ralph”. Na página
175, há um exemplo de hipérbole e de comparação. Onde se lê:
“Sentado nas enormes pedras sob o sol tórrido, Roger recebeu
essa notícia como uma iluminação”. A hipérbole está em “Sol tórrido”. (Exagero
de ideias). Já a comparação está em “como uma iluminação”.
Na página 180, do capítulo 10, há exemplo de pleonasmo.
A figura de linguagem pleonasmo consiste em intensificar o
significado de um elemento textual, por meio de uma outra palavra que expressa
uma redundância (repetição) da ideia já contida nesse elemento. O exemplo de
pleonasmo está: “Em um quadrilátero de escuridão, interrompido por brilhantes
lantejoulas, situava-se diante deles e dali vinha o som cavo de arrebentação no
recife. Ralph preparou-se para seu jogo noturno de faz-de-conta”. A lantejoula
já é brilhante. Por isso, chama-se pleonasmo.
No capítulo 11, intitulado “Castelo de Pedra”, tem um exemplo de
pleonasmo logo no título. O castelo, o qualquer outra construção, é feita de pedra.
Portanto, encontra-se uma redundância.
[1]
Disponível em http://www.filologia.org.br/viisenefil/10.htm. Acessado em 03 de
outubro de dois mil e dezessete.
[1]
Disponível em https://www.priberam.pt/dlpo/metáfora. Acessado em 03 de outubro
de dois mil e dezessete.
Comentários
Postar um comentário