Não dá para negar que Johnny Hooker é um nome de peso nos últimos tempos quando se fala em MPB (Música Popular Brasileira). Sua obra vai desde "Vou fazer uma macumba pra te amarrar, maldito" até "Volta". Assumidamente gay, Hooker nasceu em 1987 em Recife e, atualmente, tem 30 anos. Suas canções tocam, sobretudo, os homossexuais masculinos, uma vez que o ser poético revela isso nas entrelinhas.Desse modo, a análise de hoje do "Linguagens e Linguagens" é "Alma Sebosa", de Hooker.
Pelo título "Alma sebosa", o próprio autor da música diz a uma entrevista à Estação Plural, na TV Cultura, em 2006, que "seboso", em Recife, é algo repugnante, negativa. Sendo a alma um elemento bastante místico nas diversas religiões, "alma sebosa" seria uma pessoa que tem um comportamento detestável e exacerbadamente ruim.
Na primeira estrofe, há:
Você não me procura nem mais
Pra saber se eu existo
Não responde meus recados
Me trata feito lixo
Se não me quiser
Não me procure nem mais pra foder
Eu insisto
Quer saber? Eu desisto
O eu lírico é bem claro: Eu desisto. Pode-se compreender que o ser poético está "de saco cheio" das mancadas do ser amado. Além disso, implicitamente, defende o amor próprio, quando se diz "não me procure nem para f%#*".
Na segunda estrofe, lê-se:
Acha que a sua indiferença vai acabar comigo?
Eu sobrevivo, eu sobrevivo
Você não presta, ninguém é seu amigo
A solidão vai ser o seu castigo
O eu lírico mostra-se totalmente lúcido e bem consigo mesmo, uma vez que vive-se mesmo na modernidade líquida, na qual os relacionamentos não foram feitos para durar, como defende Bauman (2008). Ademais, o ser poético lança uma espécie de maldição, quando diz: "A solidão vai ser o seu castigo". Dizem, no senso-comum, que amor e ódio andam juntos. Então, quem nunca desejou, mesmo que temporariamente, o mal ao ser amado?
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